«25 DE ABRIL», OU A «ÁRVORE DO BEM E DO MAL»

Escultura em ferro, metais reciclados, madeira de cerejeira e folha de ouro.
140 cm x 53 cm x 58 cm.
A escultura interpreta a «Árvore do Bem e do Mal», segundo o autor, João Ferreira.
A obra representa uma árvore muito estilizada, fortemente fincada no solo com poderosas raízes. Enroscada numa das ramas está uma serpente em talha dourada pronta para tentar com a sua voz sibilante uma jovem incauta…
Como a arte se presta a distintas interpretações não resisto a fazer a minha leitura desta forma. Para esta análise contribui em grande parte o uso que o autor faz dos materiais com que a criou. O tronco da árvore é constituído por um cano de uma arma de fogo, uma espingarda, que a evolução bélica do armamento tornou obsoleta. Desta espingarda floresce um intrincado conjunto de ramas, cuja disposição me remete forçosamente para a silhueta de um cravo… cá está! A iconografia da liberdade!
A serpente não está incluída no modelo clássico iconográfico do 25 de Abril, porém penso que até nem lhe viria mal…
Se bem que a iconografia cristã associa a serpente ao dano, ao mal e à destruição, outras culturas há que associam a serpente à regeneração e à comunhão com a Mãe-Terra… como estamos em tempos de globalização é legitimo estabelecer este diálogo inter-cultural, e apropriarmo-nos de simbólicas mais benfazejas à conjuntura actual…