quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Crónicas_2 | The second artist in residence Ohtawara | 2019

O registo dos processos criativos dos diversos artistas segue a ordem estabelecida no programa de divulgação da residência no Institute of Art and Cultural Studies de Ohtawara
O Tó (António Pires) regista o espaço com a câmara fotográfica. O espaço construído e o espaço natural que nos envolve e também os intervenientes e as suas circunstancias. Discreto, de presença quase impercetível, dirige a câmara fotográfica como se dirige um olhar admirado. No país das tecnologias a câmara fotográfica sente-se em casa e a captação de imagens flui naturalmente no gesto do Tó. Começa os percursos fotográficos de manhã cedo para esquivar a luz e o calor sufocante do meio dia e usa as primeiras horas da tarde para registar as imagens de interior dos ateliês e dos artistas.
A madeira de Ginko biloba (Nogueira do Japão) foi o material eleito para a escultura do Janjã (João Ferreira). O estatuto de madeira fóssil, a resistir no nosso planeta desde a época dos dinossauros, imprime solenidade ao agradável aroma que se desprende no atelier conforme vai sendo esculpida. A peça de madeira é de dimensões consideráveis (cerca de 220x70x50 cm). Depois de desenhada a figura sobre a superfície clara e regular, as ferramentas de aço bem temperado cedidas pelo mestre Kodai Hihara são metodicamente manuseadas pelo autor.
A Paola (Afonso) trouxe de casa materiais têxteis. Naperons de algodão finamente bordados são o suporte eleito para as gravuras. As técnicas de gravação têm no Institute of Art and Cultural Studies de Ohtawara um atelier especial com prensas diversas e distintos materiais que estimulam a experimentação. De Portugal, a Paola trouxe também mapas que diligentemente procurou para reverberar outras viagens que aproximaram no passado o país luso do país nipónico. Estes documentos são a matriz que as tintas de óleo e acrílico revelarão no processo criativo sempre surpreendente que a gravura possibilita.
O Filipe (Rodrigues) requisitou telas, tintas e marcadores acrílicos para pintura. A boa qualidade do algodão das telas revela a diferença dos materiais japoneses em comparação com os portugueses. Enquanto preparou as telas para a pintura, multiplicaram-se no atelier que lhe foi atribuído, os desenhos a tinta da China. Sobre o papel, de gramagem fina texturado, a tinta da China traça os objetos do atelier, fotografias de catálogos de viagens, esculturas e o edificado do Institute of Art and Cultural Studies de Ohtawara. De todos os desenhos do Filipe sobressaem as linhas suaves dos rostos orientais e as escadas do edificado.
Os trabalhos artísticos decorrem a bom ritmo, em constante partilha com os restantes membros da second artist in residence Ohtawara 2019, mas sobre isso escreverei na terceira cronica desta viagem.
António Pires e João Ferreira
Kodai Hihara e João Ferreira 
Paola Afonso e Deneir Martins (Brasil)
Kodai Hihara e Filipe Rodrigues

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