sábado, 17 de julho de 2010

António Quadros - António Augusto Melo Lucena Quadros, (1933\1994) | Galeria HISTÓRIA E ARTE

S\Título
Serigrafia
21 cm x 16 cm
1960
Pintura, gravura, desenho, cerâmica, espólio documental… são estas as categorias em que se enquadram as obras de António Quadros na memorabilia de Manuel Ferreira. É inquestionável que reflectem a compulsiva vontade de experimentação do autor, a sua criatividade e a multiplicidade de técnicas e linguagens que explorou. Na escassa historiografia de arte que refere António Quadros é destacada a influência que o autor tem de Picasso, Chagall, pintores mexicanos e surrealistas latino-americanos, e do imaginário fantástico rural… sim, é possível identificar códigos, porém não é apenas o domínio da linguagem internacional que surpreende (em plena década de 50!) mas a desafectação da sua ruptura, a mestria com que se move no imaginário popular em simultâneo ao exercício erudito da sua individualidade. O que faz parecer anacrónico e perfeitamente despropositado falar em linguagem popular e erudita nos trabalhos de António Quadros, na medida em que a orgânica da sua plasticidade extravasa esse paradigma, se não mesmo o confronta. É evidente, nesta exposição, que se estende de finais de 50 até finais de 80, a profunda ruptura que supõe a obra de António Quadros, face a um cenário dominado quer pelo tradicionalismo utópico, quer pela ânsia de um urbanismo importado. A pluralidade da sua linguagem evoca-nos a amplitude das suas inquietações. Por isso, podemos observar na decoração da peça cerâmica os mesmos desenhos geométricos incisos, dos vasos campaniformes pré-historicos, a lembrar rituais milenares. O bestiário, é povoado por “sardões” lagartos e seres bizarros que se apresentam humoristicamente malvados, criaturas mefistofélicas que se assumem mais risíveis que assustadoras. As figuras femininas constituem, na presente mostra, o elemento pacificador, criadas com linhas e contornos suaves, reflectem gestos e atitudes ternas e afectuosas. No entanto, em todas as obras subsiste uma certa ambiguidade, na difusão da mancha, na definição do contorno, ou no humor subjacente que nos faz reflectir sobre a nossa leitura, convidando-nos, confrontando-nos a não escolher os paradigmas estabelecidos! Obrigado Mestre!