Nos últimos
meses tenho sido convocada por distintas instituições para participar em momentos
de reflexão sobre o turismo em Bragança. Percebo nestes convites alguma
preocupação com a participação dos atores locais. E por isso muito me
congratulo, é sem dúvida entusiasmante esta nova sensação de integração na
minha terra!
Emília Nogueiro
Mas,
continuo a ter dificuldades em perceber qual o papel exato dos atores locais.
As reflexões solicitadas parecem pedir apenas aprovações e aplausos e a
liberdade critica é rapidamente silenciada com justificações.
Ora “lamentavelmente”,
o facto de ter nascido numa democracia, a minha educação e formação académica formataram-me
no sentido de desenvolver um sentido critico positivo e construtivo em prol do
desenvolvimento de todos! Por isso, não posso deixar de expor o meu desagrado
com as politicas locais de desenvolvimento do turismo. Desde logo, chama a atenção o facto de simultaneamente diversas instituições estarem a trabalhar o
mesmo tema – desenvolvimento do turismo em Bragança. Poderíamos pensar numa consciência
coletiva da emergência de um trabalho em rede entre as diversas instituições públicas
e privadas locais. Mas não. O aspeto comum entre os diversos projetos de desenvolvimento
do turismo local é que são todos apoiados por fundos do PORTUGAL 2020. Aparentemente
as linhas de apoio devem ser semelhantes, pois multiplicam-se as plataformas
virtuais, os press trips, logotipos, símbolos, marcas e slogans, tudo para
promover Bragança! Multiplicam-se também as empresas de consultoria e promoção turística
provenientes de Lisboa, Leiria, Porto ou Guimarães que são em realidade quem
faz o trabalho. Trabalho este que eu julgaria ser da responsabilidade das próprias
instituições locais. Mas não. São as próprias empresas que se deslocam ao território.
A este “reino maravilhoso”, “telúrico” e “longínquo” de que faz parte Bragança.
Já no terreno e após um “brainstorming” com os locais (connosco) fazem a síntese
das necessidades sentidas pelos locais (por nós). Mais tarde, apresentam em “powerpoint”
a analise “swot” aos locais (a nós) e promovem “press trips”!
Bravo!
Na gíria politica local podemos dizer que “Bragança, smart city, está a
alavancar a excelência do território”! Deus nos ajude!
(pormenor de varanda em ferro forjado, rua dos Combatentes da Grande Guerra)
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