Antes da nossa época (contemporânea) a arte cumpria funções
rituais, religiosas e pedagógicas... é já nos nossos dias que a expressão
individual da circunstancia pessoal do autor se assume como tema autónomo.
Atualmente as correntes artísticas mais divulgadas pela academia e pelos
centros de arte contemporânea privilegiam esta linguagem, de tal modo que por
vezes o privilegio parece quase ditatorial! Fomenta-se o trabalho dos
“curadores” e “comissários” sob cuja responsabilidade recai a função
comunicativa da obra artística. A obra em si já não interessa, mas sim o
processo criativo que lhe dá origem. É aí que são colocadas as questões (sobre
o espaço e o tempo, a existência, as fronteiras, etc.). Questões essas que são
intuídas pelos “curadores” e “comissários” que as revelam nos seus textos ao
público. Na moda generalizada dos nossos dias o objeto artístico deve ser
insuspeito, pode ser qualquer coisa! Preferencialmente deve confundir o
observador que não sabe se está ou não está diante de uma obra de arte. As
modas parecem-me sobrevalorizadas. A pressão do meio é forte, e a comunicação
plástica feita com técnicas manuais é criticada como anacrónica (em detrimento
da fotografia, do ready-made, do vídeo…). Mas a pluralidade assumida atualmente
permite-nos escolher caminho. Na nossa galeria não vamos por aí!
Por tudo isto, é com imenso prazer que vos convido a espreitar a
obra “Via Sacra” de João Ferreira - Janjã no santuário do Divino Senhor de
Cabeça Boa, Bragança. Ainda decorre o processo criativo, mas, parte das 15
estações que formam a Via Sacra já está exposta, ao culto e à fruição do
observador!
Emília Nogueiro
Detalhe da XIII estação “Jesus é descido da Cruz”
Ferro forjado e chapa soldada
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