Bem sei que o tema não se propícia à característica descontracção da blogosfera, mas não resisto a deixar este comentário. Cumpri o ritual de visitar o cemitério no passado feriado e foi com pena que constatei que a tradição de decorar com flores frescas as campas térreas está a desaparecer… nos cemitérios urbanos já desapareceu há muito tempo, mas, nos cemitérios rurais era frequente encontrar decorações efémeras de riquíssimo valor simbólico, cálices, cruzes e resplendores delineadas com flores e preenchidos com pétalas, criavam fortes coloridos que poucos dias depois se transformavam em amontoados de flores secas… enfim, alegorias da própria vida… hoje as campas são de mármore e as flores de plástico, poluentes e quase eternas! … É urgente registar estas manifestações enquanto existem, deixo este apelo aos fotógrafos e demais perpetuadores da memória….
8 comentários:
olá locas. gostei. gostei muito da profundidade do teu escrito.
sobre a"recolha" de imagens...! sabes que ao longo do tempo tenho vindo a faze-la...mas, essas é que acho que nunca as "mostrarei". Provavelmente de todos os meus "registos", esta é a mais "intimista"!
obrigado Alexandre pelas tuas simpaticas palavras! a verdade é q tive muita relutância em publicar este post...bem sabes como a maioria das pessoas reage a qualquer tema levemente relacionado com a morte...mas como é uma realidade incontornavel p todos nós a mim intriga-me, revolta-me e mete-me bastante confusão!!! enfim suponho q tenho ainda algumas questões existenciais por resolver!! He! He! He! de qualquer forma fascinam-me todas as nossa tentativas rituais de ultrapassar esta dita realidade incontornável...e os arranjos florais nas campas dos cemitérios rurais da nossa terra são talvez das manifestações mais bonitas q conheço e q como tantos outros aspectso do nosso patrimonio rural está infelizmente a perder-se...tu q és tão bom recolector de momentos por favor dedica-te tb a estes antes q se percam defenitivamente!
definitivamente..e não defenitivamente...desculpa o erro!
"alegorias da própria vida … "
Gostei da ideia e do desafio.
Muito. Muito interessante !
Abraço
Concordo contigo, Locas.Uma das (muitas e para melhor) difernças em que imediatamente reparei quando comecei a vir para Bragança foi precisamente a decoração dos cemitérios, em especial nesta época do ano. Lembro-me da primeira vez que passei, numa destas épocas, ao lado do cemitério de Bragança, ia a pé, era fim do dia e fiquei fascinada pelos milhares de luzinhas que tremeluziam e flores coloridas que tornavam tudo tão bonito.
ola locas. continuo a achar que a tua ideia é tentadora (aliás e como já o disse, tenho "algumas" recolhas). contudo o mais complicado é como as "expor"! não sei até que ponto o "dono do motivo" queira que as mesmas sejam publicitadas. Ok, penso em voz alta, concordo, tratando o "tema" com "cuidadinho"...!ps.temas de "fé" (por ex. 13 de maio em fátima, há recolhas soberbas, por ex do gageiro...) mas estas...!
Voltei para complementar o raciocínio! E porque não?! Se em por ex. em Lisboa já há “roteiros culturais dedicados “ às “obras de arte” existentes nos cemitérios, porque não fazer com as “nossas” manifestações um contraponto…! beijinho
Não penso fazer nenhum trabalho sobre este tema, mas este post chamou-me a atenção por duas razões: primeiro porque foi realmente com uma fotografia que registei a morte recente de um familiar, em cujo funeral não pude participar por não me encontrar no país na altura. A fotografia foi para mim a única forma de guardar uma última lembrança ( http://digitaldaybyday.blogspot.com/2007/11/37.html ),e as flores a presença viva de um corpo ausente (tal como a alegoria da vida de que fala). Em segundo lugar, porque quando regressava a Portugal dessa mesma viagem, pelo Porto, reparei que os dois cemitérios que sobrevoei estavam todos iluminados com luzes de velas; o que me deu a falsa ilusão de que não se perdeu a tradição e o apego aos entes já falecidos, que leva os seus familiares a visitar e cuidar da sua campa.
Parabéns pelo blog!
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