Abigail Nunes
Davi Baltar
Deneir Martins
Julio Castro
Luiz Carlos
A Abigail (Nunes) dedica a residência artística à gravura, também poderia dedica-la à pintura ou ao desenho em que academicamente se formou. A dualidade da sua identidade franco\brasileira é percetível em quase cada detalhe das informações que lhe vou pedindo. A influência que traz na gravura deriva do Julio (Castro), o mestre gravador com quem agora partilha atelier, mas o linóleo que usou para a primeira obra veio de Paris. As goivas com que risca são japonesas que além de mais ergonómicas, são também de aço mais fino e, portanto, mais precisas e hábeis para um trabalho melhor executado.
O Davi (Baltar) articula a street art com a pintura sobre tela. As medidas das telas que requisitou (150x150 cm) reproduzem a forma quadrangular que as imagens ’instagram’ impõem. O sentido critico, explicito e implícito na pintura do Davi começa logo aí, na forma da tela. Perante a boa qualidade dos materiais disponibilizados pelo Institute of Art and Cultural Studies de Ohtawara é a deferência do executante aplicado que responde com a diligência do trabalho bem feito. O olhar atento e acutilante sobre o quotidiano brasileiro anuncia uma realidade já denunciada nos desenhos preliminares.
O Deneir (Martins) atualmente expõe no Museu de Belas Artes no Rio de Janeiro. Com forte sentido pedagógico na militância do uso da arte para a educação reutiliza materiais gerados pelo consumismo sôfrego dos nossos dias. Nesta comprometida reciclagem é com lúdica ligeireza que mistura as sementes trazidas do Brasil, como as “lágrimas de Nossa Senhora”, com os grãos de arroz local e os pauzinhos com que todos, a diário, comemos as iguarias japonesas. Os suportes das criações do Deneir são em madeira de Bambú, requisitada localmente, é mais rija e possante que o Bambu do Brasil.
O mestre da impressão é o Julio Castro. Comanda a prensa de gravura no atelier que partilha com a Abigail Nunes e com a Paola Afonso. Com esmerado zelo começou por trabalhar a matriz da gravura em laminado de madeira que trouxe do Brasil. Os trabalhos de impressão sublimam os volumes, quase escultóricos, e denotam a competência técnica no domínio das ferramentas e dos materiais. Experimentado executante, o Julio brinca com as metodologias de trabalho de gravura com a segurança do conhecimento adquirido. De produção japonesa, o papel de arroz e o linóleo, são já parte deste processo.
O Luiz Carlos sabe artes marciais. Nas obras assina o nome com o que parecem caracteres japoneses. Pinta com o gesto, tal como fazem os calígrafos nipónicos e usa pinceis de bambu. O prenuncio asiático é tão forte que quase parece propositado. Ao abrir os cadernos de artistas e o papel dobrado em concertina percebemos como as manchas de tinta da China e em tinta acrílica denunciam o sentido inconformista do Luiz. As réguas e as espátulas trazidas do Brasil espalham em manchas dinâmicas o sentido desenganado e crítico de forte ativismo politico.
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