O registo dos processos criativos
dos diversos artistas segue a ordem estabelecida no programa de divulgação da residência
no Institute of Art and Cultural Studies de Ohtawara
O Tó (António Pires) regista o
espaço com a câmara fotográfica. O espaço construído e o espaço natural que nos
envolve e também os intervenientes e as suas circunstancias. Discreto, de
presença quase impercetível, dirige a câmara fotográfica como se dirige um
olhar admirado. No país das tecnologias a câmara fotográfica sente-se em casa e
a captação de imagens flui naturalmente no gesto do Tó. Começa os percursos
fotográficos de manhã cedo para esquivar a luz e o calor sufocante do meio dia
e usa as primeiras horas da tarde para registar as imagens de interior dos ateliês
e dos artistas.
A madeira de Ginko biloba
(Nogueira do Japão) foi o material eleito para a escultura do Janjã (João
Ferreira). O estatuto de madeira fóssil, a resistir no nosso planeta desde a
época dos dinossauros, imprime solenidade ao agradável aroma que se desprende
no atelier conforme vai sendo esculpida. A peça de madeira é de dimensões
consideráveis (cerca de 220x70x50 cm). Depois de desenhada a figura sobre a superfície
clara e regular, as ferramentas de aço bem temperado cedidas pelo mestre Kodai
Hihara são metodicamente manuseadas pelo autor.
A Paola (Afonso) trouxe de casa materiais têxteis.
Naperons de algodão finamente bordados são o suporte eleito para as gravuras.
As técnicas de gravação têm no Institute of Art and Cultural Studies de
Ohtawara um atelier especial com prensas diversas e distintos materiais que estimulam
a experimentação. De Portugal, a Paola trouxe também mapas que diligentemente
procurou para reverberar outras viagens que aproximaram no passado o país luso
do país nipónico. Estes documentos são a matriz que as tintas de óleo e acrílico
revelarão no processo criativo sempre surpreendente que a gravura possibilita.
O Filipe (Rodrigues) requisitou telas, tintas
e marcadores acrílicos para pintura. A boa qualidade do algodão das telas revela
a diferença dos materiais japoneses em comparação com os portugueses. Enquanto
preparou as telas para a pintura, multiplicaram-se no atelier que lhe foi atribuído,
os desenhos a tinta da China. Sobre o papel, de gramagem fina texturado, a
tinta da China traça os objetos do atelier, fotografias de catálogos de viagens,
esculturas e o edificado do Institute of Art and Cultural Studies de Ohtawara. De
todos os desenhos do Filipe sobressaem as linhas suaves dos rostos orientais e
as escadas do edificado.
Os trabalhos artísticos decorrem
a bom ritmo, em constante partilha com os restantes membros da second artist in
residence Ohtawara 2019, mas sobre isso escreverei na terceira cronica desta
viagem.
António Pires e João Ferreira
Kodai Hihara e João Ferreira
Paola Afonso e Deneir Martins (Brasil)
Kodai Hihara e Filipe Rodrigues
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